segunda-feira, 12 de julho de 2010

A força das palavras não chegou….

Ontem, dia 11 de Julho de 2010 pelas 6 da manhã, o senhor A. faleceu. A força das palavras não chegou! Uma morte serena, presenciada pela filha mais velha que esteve sempre ao seu lado, tal como a filha mais nova, o genro e a esposa.

Hoje em dia morrer sozinho é infelizmente uma realidade. São muitos doentes internados num serviço, existem por vezes mortes inesperadas e é impossível a equipa de saúde estar sempre presente afim do doente não morrer sozinho. È importante a presença da família em situações terminais para que isso não aconteça. Como referi no outro post, a família do senhor A. era super presente e não deixou de estar presente até ao fim. Estão de parabéns pela união e por toda força que conseguiram ter. Conseguiram estar sempre com imensa força junto dele, mesmo estando a sofrer imenso pelo seu ente querido. Transmitiam-lhe energia positiva. Raramente as vi chorar junto ao senhor A.. Conseguiam ser fortes! Choravam do lado de fora da porta, apoiavam-se mutuamente, respiravam fundo e conseguiam por um sorriso junto a ele. É bom ver este carinho, ali mesmo à nossa frente. Gostaria que o nosso “cuidar” não terminasse com a morte. Ficou ali uma família, com necessidades de apoio e que não vamos conseguir acompanhar. O apoio ao luto deveria ser possível, contudo é extremamente difícil conseguirmo-lo fazer em meio hospitalar.

Mesmo sabendo que a família deste senhor nunca lerá isto, manifesto aqui o meu apoio. Coragem! Gostaria de ter conseguido fazer mais, mas tentei fazer o meu melhor. È difícil também para nós, pois não há receitas para se conseguir lidar com estes casos. A escola da vida é que nos vai enriquecendo enquanto profissionais de saúde e vamos aprendendo a dar o melhor de nós, a prestar o máximo apoio possível e da melhor forma. Sei que tenho ainda muito para aprender. A troca de experiências vai fazer com que cresça pessoalmente e profissionalmente. Confesso, esta família fez-me crescer profissionalmente, mas sobretudo fez-me crescer enquanto pessoa. Obrigada a vós por isso! Relembro umas palavras que me disse quando cuidei dele pela primeira vez “(..)Fui fundador da misericórdia daqui (…)”, ou seja um homem dedicado aos outros, que mereceu que se dedicassem a si. Descanse em paz!

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